sexta-feira, 25 de abril de 2008

..


Aquele era um ótimo momento para acender um 'cigarro'. Um diálogo se fazia necessário, mas dialogar com quem, se ninguém me aguava o verbo? Nem amigo, nem amante, nem amiga, inimiga ou figura importante. Ninguém seria capaz de aguçar meu paladar de pimenta naquele dia de céu duvidoso.

Talvez a fumaça! Ela, bailarina que nunca me abandonava, estivesse eu feliz, triste, com frio, medo, ou calor; estivesse eu alegre, excitada ou magoada. Ela, a fumaça, dama que me preenchia e me fazia sentir pena das horas insones e vazias...

Eu queria apenas saber de mim naquele dia estranho. Queria saber se era uma pessoa egoísta simplesmente por não querer mais perder tempo com projetos que visivelmente não vão dar em nada ? ou se era arrogante demais por me achar mais bem resolvida e apesar do passar do tempo ainda clama por um príncipe desencantado que a leve diretamente da cama para o altar?

Eu não sabia! Sabia, apenas, que ninguém poderia me dar aquelas respostas e por isso preferi minha própria companhia. Senti saudades da fumaça que por algum tempo me socorreu, mas naquele dia não tive saída, tudo aconteceu apenas entre eu e eu, mas ela relutou e enfim se manifestou em forma suave e dançante te forma sutil me trazendo alguma resposta.

Nada tem me causado mais estranhamento do que o *esboço de gente* . Gente que quase foi alguma coisa: quase foi famoso, quase foi esposa, quase foi pai, quase foi para a Europa, quase foi escritor, quase foi doutor, quase realizou um sonho.
Me consome o fogo sagrado que arde em minhas entranhas pessoas dessa forma, insanas! Pessoas que depois * do quase * não mais se refizeram, não mais se reinventaram. Ou existe coisa mais insana do que passar a vida toda montado num cavalo de porcelana, num sonho que não voltará??

Nenhum comentário: