Nada havia a fazer.
Haviam sido vencidos pelas pequenas dificuldades da vida. Pela falta de sonhos. Pela desistência ao amor. Pela impossibilidade . Todos os planos, as juras de paixão, a intensidade do encontro inicial, haviam sido sombreados por algo mais forte: o vazio da distância, a realidade cotidiana, a demora em concretizar, a impaciência. Ela sempre tinha força pra superar, mas ele, afetuoso, carente, havia preferido abrir mão daquele tipo de amor, onde a distância, acredito, o fazia sofrer. À manhã, como convinha a melancolia daquele momento, a despedida para a retomada de mais um ano, a príncipio para ela, seria apenas mais uma despedida, mas com a certeza de que nos veríamos em muito breve, triste ter que ir, mas vidas diferentes, somos únicos e caminhamos com passos descompassados. O cenário era lindo, menos a despedida . Ele segurou suas mãos, olhou para aquele rosto que tantas vezes vira sorrir daquela forma que tanto o encantava, aquele sorriso despretencioso, onde agora só via imensa tristeza...Afastou o cabelo , tocou de leve sua face com as pontas dos dedos, deu um beijo em sua testa, sorriu e lhe disse adeus com os olhos... Ela compreendeu ..Ele virou as costas, seguiu devagar, como pra prolongar a despedida, sem coragem de partir , sabendo que pra trás ficaria alguns sonhos. Sentiu-se estranha.Podia a ver parada, entorpecida, com as lágrimas grossas e o choro baixinho , pra dentro de si , que era o jeito que ela tinha de sofrer, já pressentindo algo não tão bom assim...Seus olhos ardiam, seu coração pequeninho......Os dias, a chuva, os sorrisos, as promessas, uma vida juntos..E agora...Não cogitava os dias sem essa esperança, não se via sozinha sem ele...As lágrimas agora eram imensas, a dor, o vazio, a repentina solidão da ausência daquele moço engraçado e complicado que sabia amar...Os passos a distanciavam dessa vida que ela queria pra si...E que só podia ser com ele...
Mas, a vida prega peças..
E um dia essa moça se deu conta que não era a única capaz de fazê-lo feliz.
Existem outras..
possibilidades e pessoas!
Refez o caminho, com a saudade no peito, o coração pequenininho, mas seguiu.
Tomada a decisão dele, apenas respeitou sem dizer, sem questionar, mesmo com todo amor guardado, marcado.
O tempo se fez, e então, resolveu voltar-se pra antigas direções, um oi, saudade, lembrei de você, mensagens, palavras. Que me fizeram esquecer o vazio do passado que a decisão dele havia deixado. O encontro aconteceu com a mais absoluta delicadeza, como diz, Chico Buarque: Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo o sentimento
E bota no corpo uma outra vez
(...)
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu
E em horas se desfez, o que havia sido refeito pelo desfeito.
Uma ligação!.. correndo, eu, sem saber o que estava por vir, atendi com o coração acelerado de alegria. E se desfez.
Me senti como um Edifício em pleno desabamento, ele tentou. a explicação o que fez sentir-me ainda mais em pedaços. Não era Ele, não o que eu conhecia, não aquele que me encantei, apaixonei, amei..
Como bom remédio, o Tempo!
E, as palavras voltaram,
.
de mansinho, com cheiro de paz, elas voltaram!
2 comentários:
data errada!!
15/10/08.
Olhando de perto, não foi nada grave: um pequeno corte no tecido frágil da ilusão, nem chegou a sangrar. Doer, doeu, mas dessa vez só um pouquinho, até porque ultimamente não tenho lá muita paciência pra desperdiçar vida enchendo barriga de dor. Fico com ela até esgotar. Choro tudo o que tiver pra chorar. Ouço o que quer me dizer. Sinto. Depois, a idéia é que cada uma de nós siga seu próprio rumo, sem apegos. Caminhamos juntas o tempo necessário para que ela se dissolva e eu prossiga. Dor não é para ficar morando com a gente como se fizesse parte da casa. Não faz.
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