terça-feira, 1 de abril de 2008

quase


"Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase!É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou.Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

3 comentários:

Camila disse...

não sei ser metade e nem morna, sou intensa;sou verdade no sentimento, não sei esconder; não sei ser quase, sou toda; não sei ser rotina, sou vida que fervilha;para ser feliz, sou coragem, puro risco; detesto o talvez, o não sei, isso me pertuba; mas sonho para realizar, não vivo sem o sonho e o desejo; mas também não gosto da espera, corro atrás... eu sou assim!!

Flavia Melissa disse...

e isso que te faz ser única!

N. Ferreira disse...

O problema do quase é que quase sempre a gente morre de necessidade de alcançar os opostos: o ir ou ou ficar, o viver ou não, a luz ou o escuro, em vez dos meios-termos inerentes ao quase.
Nessa nossa urgência a gente repensa nossas quase-escolhas, e sendo assim a gente quase sempre se revela...